Uma vez mapeado e analisado quem manda no quê em relação às decisões de TI, vamos discutir nesta postagem como iniciar o processo de implantação de uma governança de TI eficaz. A Matriz de Governança nos dará várias dicas em relação à estrutura de poder da empresa em que trabalhamos. Com ela podemos verificar se o processo de implementação da governança de TI terá o apoio da alta direção ou se será um processo árduo, onde este apoio só virá com a demonstração dos resultados (números!!!) das ações que poderemos tomar para que a coisa comece a tomar corpo.
Antes de falarmos da governança de TI propriamente dita, temos que falar um pouco sobre a governança corporativa, uma vez que aquela é proveniente desta. A governança corporativa se apóia em quatro princípios fundamentais: a transparência (disclosure), a integridade ou equidade (fairness ou equity), a prestação de contas (accountability) e o respeito às leis (compliance). Ela surgiu com mais força após série de escândalos que aconteceram nos Estados Unidos (Enron, WorldCom, Andersen, etc.) e com a promulgação da lei Sarbanes-Oxley naquele país. Antes da promulgação desta lei os conselhos de administração (CA) das empresas tinham um foco meramente ritualista, apenas para cumprir uma obrigação legal. Após a lei, os CAs se tornaram órgão proativos dentro das empresas, focados em questões substantivas e respeitados pelos CEOs.
Como consequência dos novos controles implementados, as empresas, não apenas dos Estados Unidos, mas de todo o mundo começaram a montar planejamentos estratégicos focados em resultados, auditáveis e passíveis de controle utilizando metodologias como o BSC (Balanced Scorecard). Se lembrarmos que governança de TI é “a especificação dos direitos decisórios e do framework de responsabilidades para estimular comportamentos desejáveis na utilização da TI”, então veremos que as empresas que deixaram de ver a área de TI como mero centro de custo e passaram a identificá-las como áreas estratégicas para seus negócios, baseadas nos resultados da montagem de painéis estratégicos, puderam implementar a governança de TI de forma exógena, ou seja, de fora da área de TI para dentro dela, com o apoio da alta direção da empresa. As empresas que tomaram este caminho certamente montaram uma Matriz de Governança mais adequada as suas necessidades de negócio e puderam usufruir da TI como alavanca dos seus negócios.
Porém, se você trabalha em uma empresa que ainda vê a TI como mero centro de custos, não se desespere, há uma luz no fim do túnel! Apesar de ser muito mais complexo e possuir um alto risco de não conseguir um resultado satisfatório, ainda sim é possível, de forma endógena, ou seja, de dentro da área de TI para o resto da organização, implementar uma governança de TI que irá mudar a forma da empresa trabalhar, paulatinamente. É lógico que o mínimo que se deve ter para iniciar uma aventura como esta é o apoio incondicional do CIO e seu comprometimento em ajudar na mudança comportamental e cultural da sua empresa. Se sua empresa possui um planejamento estratégico, por mais básico que seja este será o ponto de partida para a sua implementação. A Matriz de Governança mapeada dará o norte dos pontos que devem ser alterados com o tempo a fim de fazer com que a TI ajude a empresa a alcançar seus objetivos. As metodologias e melhores práticas do mercado devem formar a base para a sua implementação. Não tente inventar a roda e faça a coisa gradativamente, contabilizando os resultados e mostrando para a empresa o valor agregado. Lembre-se que o ótimo é inimigo do bom!
Nas próximas postagens contarei um pouco da minha experiência pessoal e de como implementamos a governança de TI em uma das maiores operadoras de saúde do Brasil. Iniciaremos também uma bela viagem sobre as metodologias e melhores práticas na implementação da governança de TI.
Sigam-me os bons!!!!
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
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